Por que usar desodorantes naturais?

Mau cheiro

Ao contrário do que se pensa, o suor não tem cheiro. As bactérias presentes na pele, principalmente em regiões úmidas e quentes, como axilas e pés, são as grandes responsáveis pelo mau cheiro. A transpiração é uma reação involuntária do nosso corpo que libera uma solução salina composta quase que na totalidade por água. Esse processo acontece através das glândulas sudoríparas écrinas presentes na nossa derme.

Já as glândulas apócrinas, como as localizadas na região das axilas, tornam-se ativas a partir da puberdade e liberam um composto com percentuais mais elevados de proteínas, lipoproteínas e lipídeos, também sem cheiro, provenientes da desintegração do epitélio. O problema é que essas glândulas estão localizadas em regiões úmidas e mais quentes, tornando o ambiente propício para a proliferação de bactérias. E são justamente elas que, ao metabolizarem o suor, liberam gases como o metanotiol e ácido isovalérico, que possuem odor desagradável.

Desodorantes

Os desodorantes são produtos aplicados topicamente que atuam inibindo o crescimento microbiano na região aplicada. Tem também como objetivo mascarar o odor desagradável resultante da decomposição do suor e restos celulares pelas bactérias presentes na pele. Os desodorantes convencionais apresentam em sua formulação o triclosan, agente bacteriostático bastante empregado em cosméticos como ingrediente conservante em suas formulações.

Dentre os aspectos negativos para a saúde, conhecidos e estudados, pelo uso do triclosan estão: contribui para aumento da resistência bacteriana; age como desregulador endócrino, afetando hormônios da tireoide; e retarda o funcionamento de músculos do corpo humano, como o coração. Outro fator que gera preocupação sobre esse ingrediente é o fato de não ser biodegradável e um poluente encontrado no meio aquático, devido ao lançamento através do esgoto.

Antitranspirantes

O Decreto no 79.094, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, define antitranspirantes, ou antiperspirantes, como “produtos destinados a inibir ou diminuir a transpiração, podendo ser coloridos e/ou perfumados, apresentados em formas e veículos apropriados, bem como associados aos desodorantes”. Derivados de alumínio constituem os principais ingredientes empregadas na formulação dos desodorantes antitranspirantes, pois atuam obstruindo as glândulas sudoríparas apócrinas situadas na zona tratada, como a axila. Ao impedir que a transpiração ocorra, os antitranspirantes interferem em processos fisiológicos.

A transpiração é um mecanismo natural do nosso corpo e tem como principal função refrigerar o corpo, liberando o excesso de calor e promovendo a termorregulação do organismo.

O alumínio pode ser extremamente nocivo para a nossa saúde. Uma vez absorvidos pela pele, os metais comumente utilizados em produtos de cuidados pessoal podem ter efeitos tóxicos, causando respostas alérgicas como dermatite e urticária de contato. Existem evidências de que soluções contendo alumínio possam alcançar o cérebro, e que alguns antitranspirantes contendo esta substância são associados a danos mentais. Ele intervém em diversos processos neurofisiológicos responsáveis pela degeneração característica da Doença de Alzheimer.

Além disso, ainda que não sejam conclusivos, existem estudos que sugerem que o acúmulo de metais no nosso organismo pode estar associado à doenças inflamatórias, doenças autoimunes e até câncer. Isso ocorre pois ao tentar se defender dos compostos químicos, o corpo passa por um processo inflamatório que pode desencadear as doenças, dependendo da gravidade. Artrite reumatóide, esclerose múltipla, Alzheimer e até doenças cardiovasculares são algumas das doenças causadas por processo inflamatório.

E como evitar a proliferação das bactérias?

Para evitar a proliferação das bactérias e o odor desagradável resultante da metabolização do suor pelas bactérias é fundamental ter cuidados com a higiene, além de secar bem as axilas após o banho, tornando o ambiente menos atrativo para as bactérias. Troque as roupas todos os dias e dê preferência aos tecidos naturais, como algodão, que permitem a evaporação do suor.

Alguns hábitos pessoais, como a alimentação, podem piorar a bromidrose. Por isso mantenha uma boa alimentação e ingira alimentos de origem vegetal pois contribuem para a alcalinização do organismo.

Se arrisque e teste novas formas de se relacionar com seu corpo. Teste produtos naturais que tenham propriedades antissépticas, antibacterianas e alcalinas para evitar a proliferação de bactérias. Mas tenha em mente que cada indivíduo é único, e os produtos agem diferentemente de pessoa para pessoa.

Referências

BASSI, Beatriz T.; FERNANDES, Wendel F.; LAPENA, Simone B. Neurotoxicidade do alumínio na Doença de Alzheimer. XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, out. 2016. Disponível em: <http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2016/anais/arquivos/RE_0483_0155_02.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2020.

BENOHANIAN, Antranik. Antiperspirants and Deodorants. Clinics in Dermatology, v. 19, ed. 4, jul./ago. 2001. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0738081X01001924?via%3Dihub>. Acesso em: 2 dez. 2020.

FERREIRA, P. C. et al. Alumínio como fator de risco para a Doença de Alzheimer. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 16, n. 1, jan./fev. 2008. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rlae/v16n1/pt_22.pdf>. Acesso em: 2 dez. 2020.

FORBES, W. F.; AGWANI, N. A suggested mechanism for aluminum biotoxicity. Journal of Theoretical Biology, v. 171, ed. 2, 1994. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0022519384712240#!>. Acesso em: 8 dez. 2020.

HAUSNER, Betina. Desodorantes e Antiperspirantes. Cosmetics & Toiletries, v. 5, mai./jun. 1993. Disponível em: <https://www.cosmeticsonline.com.br/2011/ed.php?edicao=Maio/Junho_1993>. Acesso em: 4 dez. 2020.

HOSTYNEK, Jurij J. Potencial tóxico de metais absorvidos pela pele. Cosmetics & Toiletries, v. 11, nov./dez. 1999. Disponível em: <https://www.cosmeticsonline.com.br/2011/ed.php?edicao=Novembro/Dezembro_1999>. Acesso em: 6 dez. 2020.

MALDONADO, Rafael R.; OLIVEIRA, Daniela S.; SANTOS, Thamires Amanda D. Dieta Alcalina e Seus Benefícios à Saúde. Nutrição em Pauta, São Paulo, ano 4, n. 30, jan. 2016. Disponível em: <https://www.nutricaoempauta.com.br/lista_artigo_.php?cod=2814>. Acesso em: 20 nov. 2020.

NASCIMENTO, Ludmila P.; RAFFIN, Renata P.; GUTERRES, Sílvia S. Aspectos atuais sobre a segurança no uso de produtos antiperspirantes contendo derivados de alumínio. Infarma, Porto Alegre, v. 16, n. 7-8, 2004. Disponível em: <https://cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/79/20-aspectos.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2020.

SANTOS, M. M. et al. Occurrence and risk assessment of parabens and triclosan in surface waters of southern Brazil: a problem of emerging compounds in an emerging country. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre, v. 21, n. 3, jul./set. 2016. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rbrh/v21n3/2318-0331-rbrh-21-3-603.pdf>. Acesso em: 4 dez. 2020.

YANG, Jennifer. Experts concerned about dangers of antibacterial products. The Globe and Mail, 2009. Disponível em: <https://www.theglobeandmail.com/life/health-and-fitness/experts-concerned-about-dangers-of-antibacterial-products/article4282875/>. Acesso em: 17 nov. 2020.

Agente antibacteriano triclosán haría más mal que bien, afirma estudio. El Economista, 2012. Disponível em: <https://ecodiario.eleconomista.es/global/noticias/4185598/08/12/Agente-antibacteriano-triclosan-haria-mas-mal-que-bien-afirma-estudio.html>. Acesso em: 22 nov. 2020.

Food and Drug Administration. Federal Register. Safety and Effectiveness of Consumer Antiseptics; Topical Antimicrobial Drug Products for Over-the-Counter Human Use. Disponível em: <https://www.govinfo.gov/content/pkg/FR-2016-09-06/pdf/2016-21337.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2020.

Triclosan: Por que esse e outros ingredientes foram banidos pela Natura. Natura, 2019. Disponível em: <https://www.natura.com.br/blog/sustentabilidade/triclosan-por-que-esse-e-outros-ingredientes-foram-banidos-pela-natura>. Acesso em: 4 dez. 2020.

Sociedade Brasileira de Dermatologia. SBD. Bromidrose. Disponível em: <https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/bromidrose/76/>. Acesso em: 6 dez. 2020.